terça-feira, 13 de outubro de 2009

O CULTO A MARIA

Luz da Bíblia e da Históriar,
1) Ao término de todos os capítulos, constam, de persi, suas respectivas Notas Referenciais;
2) As citações bíblicas, salvo outras indicações, são extraídas da Bíblia Sagrada. Trad. pelo Pastor João Ferreira de Almeida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil. Ed. Revista e Corrigida, 1995.

CAPÍTULO I
O CULTO A MARIA
1.1. A Igreja Católica cultua a Maria
Segundo o catolicismo, Maria deve ser cultuada, tanto direta, quanto indiretamente, conforme a seguir exposto:

1.1.1. Culto direto
Na Igreja Católica “A Santíssima Virgem ‘é legitimamente honrada com um culto especial, [...] inteiramente singular’” [...].[1] [...] “os fiéis devem venerar [...] a memória ‘primeiramente da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe de Deus e de nosso Senhor Jesus Cristo’ ”.[2] A esse culto “especial e singular” (conhecido por marianismo), que os católicos devotam a Maria, a Igreja Católica chama de hiperdulia (de hiper+dulia). Dulia designa o culto que os católicos prestam aos Santos e aos anjos; e hiper salienta a magnitude e singularidade desse culto. A hiperdulia reserva-se, por isso, a Maria. Aurélio diz deste vocábulo o seguinte: [...] “Forma especial e excelente de culto aos santos, reservada, por isso, a Nossa Senhora: ‘O culto a Maria _ a hiperdulia _ quase constitui uma religião à parte no decorrer dos séculos XII e XIII.’ (Guedes de Miranda, Eu e o Tempo, p. 17) [...]”.[3] E o Padre Dom Estêvão Bettencourt confirma: "A eminência do culto a Maria foi expressa pelo Concílio de Nicéia II, em 787, mediante o termo 'hyperdulia' (superveneração), ao passo que os demais Santos são cultuados em 'dulia' (veneração)".[4]
É de domínio público que os protestantes crêem que o culto a Maria é transgressão da Lei de Deus, o único que, na ótica evangélica, merece culto. Representando o parecer dos evangélicos típicos, os autores John Ankerberg e John Weldon pronunciam contra o culto a Maria, dizendo que a hiperdulia não é uma doutrina genuinamente cristã, e tacham-na de “especial adoração” a Maria.[5] Deste parecer evangélico, porém, os clérigos católicos discordam, pois sustentam que não devotam a Maria o culto de adoração, devido somente à Trindade, mas sim, um culto menor, do qual disseram: “Este culto [...] difere essencialmente do culto de adoração que se presta ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo”.[6] E: [...] “adoração [...] só compete a Deus” [...].[7] E, segundo o Instituto Cristão de Pesquisas, a esse culto maior, que os católicos dizem tributar só a Deus, a cúpula católica dá o nome de latria.[8] De fato, o Vaticano II garante que o culto a Maria “de nenhum modo diminui o culto latrêutico dado a Deus Pai por Cristo no Espírito”.[9] Deste modo fica claro que, segundo os clérigos católicos, o que eles chamam de culto a Maria, não extrapola os limites da veneração que lhe é devida, ficando, por isso, aquém do supremo culto de adoração só cabível a Deus. Sim, o clero católico também prega que realmente é pecado grave adorar a Maria. E como os protestantes se portam diante desse argumento católico? Os que não possuem formação teológica (e são a maioria), retrucam que o verbo venerar é sinônimo de adorar, e que, portanto, os católicos adoram, sim, a Maria. Pelo menos parcialmente, esta réplica me parece inconsistente, visto que a Bíblia nos manda venerar o matrimônio: “Venerado seja entre todos o matrimônio” [...] (Epístola aos Hebreus, cap. 13, v. 4). Este texto bíblico prova que o verbo venerar pode (dependendo do contexto) se referir ao respeito, reverência, consideração, estima, e assim por diante, que se deve a tudo que é louvável. Logo, não é errado venerar a Maria. Não há sequer um evangélico típico que não venere a mãe de Jesus. Um verdadeiro evangélico venera Maria, venera os pais, venera a pátria, venera os idosos, venera o cônjuge, etc. Mas, paralelamente, crêem os protestantes que os católicos extrapolam os limites bíblicos naquilo que chamam de veneração a Maria. E justificam esta postura teológica, alegando que é possível venerar a Maria sem ajoelhar-se diante de suas estátuas e/ou estampas, cantar-lhe louvores, acender-lhe velas, chamá-la de medianeira entre Deus e os homens, nossa única advogada, nosso único refúgio, nosso único asilo, porta do Céu, Rainha dos anjos, Nossa Senhora, Co-redentora, etc.
1.1.2. Culto indireto
Pregam os líderes espirituais dos católicos que o culto que eles prestam às imagens de Maria, na verdade é dirigido a esta, e não àquelas. Aclarando: Os católicos cultuam à mãe de Jesus através das imagens dela. Neste caso, cultuar a uma imagem de Maria, é cultuar à mãe de Jesus indiretamente. Veja o seguinte fragmento:

O culto cristão de imagens [...] se dirige ao modelo original, e “quem venera uma imagem, venera nela a pessoa que nela está pintada”. A honra prestada às santas imagens é uma “veneração respeitosa”, e não uma adoração, que só compete a Deus: O culto da religião não se dirige às imagens, em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens [...]. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem [...]. O culto às imagens sagradas está fundamentado no mistério da encarnação do Verbo de Deus. [10]

Este argumento não demove os protestantes, da sua decisão de não cultuar a criatura alguma - quer direta, quer indiretamente -, e o retrucam assim: Qualquer culto, cujo objeto não seja (exclusiva e diretamente) a Trindade, é idolatria, isto é, culto a ídolo. Esses cultos (culto aos Santos, aos anjos e a Maria, quer direta, quer indiretamente) são, na melhor das hipóteses, desnecessários, já que os profetas e os apóstolos, bem como todos os cristãos do Século I, passaram muito bem sem os mesmos, conforme atestam a Bíblia e a História secular. Aliás, veremos adiante que alguns teólogos católicos também pensam assim.

1.2. O clero católico não adora a Maria?!
Há pouco, anotamos que os clérigos católicos pregam que realmente só Deus é digno de adoração, e que, por isso mesmo, também não adoram a Maria, mas que tão-somente lhe prestam culto. E ainda explicam que esse culto é sinônimo de veneração. Mas o Pastor Tony Armani, representando a opinião evangélica, rebate: [...] “a Bíblia rejeita esse tipo de [...] veneração [...] definitivamente repudiada por Jesus Cristo: ‘... Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele prestarás culto’ (Mateus 4. 10)”.[11] Sim, Armani recorre ao fato de a Bíblia dizer que só a Deus se pode prestar culto, bem como adorar, como prova de que o clero católico está equivocado. Aos protestantes parece, pois, que dizer “cultuo a Maria, mas adoro só a Deus”, é tão inusitado quanto dizer “adoro a Maria, mas cultuo só a Deus”.
Há diferença entre adorar e cultuar? "Não, mil vezes não!" diria qualquer protestante típico. Tanto na nossa língua portuguesa, como nos idiomas originais da Bíblia (hebraico e grego), o verbo adorar é sinônimo de cultuar. Eis as provas de que assim é:

A) Em Português: Aurélio define adorar, de diversas maneiras, entre as quais, Render culto a (divindade) e prestar culto de adoração.[12]
Certamente o leitor não ignora que frases, orações e até palavras, devem ser consideradas à luz do contexto. E esta regra não admite exceção. Por este motivo, o mesmo Aurélio nos diz que estas palavras podem ainda significar amar extremamente, gostar muitíssimo de, etc. Por conseguinte, das frases adoro maçã e cultuo às letras, não se depreende o ato religioso de adoração;

B) Em Hebraico: Demonstro a seguir, que o visto acima em relação aos vocábulos adorar e cultuar em Português, se vê também (como já fiz constar) nos idiomas em que a Bíblia foi escrita. Eis as provas: Vine nos diz que adorar (do hebraico sãhãh), pode tratar-se do ato de adorar (a Deus), ou simplesmente se referir ao ato de se curvar diante de um superior ou soberano, como Davi e Rute respectivamente se curvaram diante de Saul e Boaz (1 Samuel, cap. 24. v. 8; Rute, cap. 2. v. 10).[13]

C) Em Grego: O mesmo Vine, sob o verbete adorar, às pp. 374-375, fornece uma lista de cinco verbos e três substantivos gregos, relacionados com a devoção a Deus. Referindo-se ao último substantivo (portanto, ao oitavo vocábulo da série, a saber, threskeia), nos inteira tratar-se da palavra traduzida por culto em Colossenses, cap. 2. v. 18, onde se proíbe prestar culto aos anjos. Isto esclarece que, de acordo com renomados dicionaristas, não há qualquer diferença entre adorar e cultuar. Estas palavras, tanto nas línguas originais da Bíblia (Hebraico e Grego), quanto em Português, variam de significado de acordo com o todo das frases em que forem inseridas, oscilando entre adorar (ou cultuar) a Deus e homenagear (ou reverenciar) a um soberano, ou a uma pessoa superior. Embora, como já observado acima, tenhamos a palavra dulia, que, também dependendo do contexto, trata do serviço sagrado prestado a Deus. Logo, os católicos poderiam até, à guisa de subterfúgio, dizer que não prestam a Maria a adoração suprema, devida só a Deus, mas sim, uma adoração menor, a qual, embora compatível com sua elevada dignidade de Mãe de Deus, é, entretanto, inferior à adoração latrêutica tributável exclusivamente à Santíssima Trindade. Mas simplesmente dizer que não adoram a Maria é, na concepção evangélica, subestimar a inteligência dos que divergimos desse tipo de culto. Sim - questiona o protestantismo -, se o ato de ajoelhar-se aos pés das estátuas de Maria, dirigir-lhe rezas, acender-lhe velas, cantar-lhe hinos de louvores, conferir-lhe funções e títulos próprios do Senhor Jesus Cristo (Senhorio, Mediação entre Deus e nós, Advocacia dos pecadores, Refúgio, Porta do Céu, Escada do Paraíso, Estrela da Manhã, Arca da salvação, Co-redenção dos pecadores, etc.), não é adorá-la, que falta ainda? O que os católicos entendem por adoração?
A cúpula católica reconhece, segundo me consta, que adorar e venerar são (dependendo do contexto, é claro) termos equivalentes entre si. Senão, veja este exemplo:

[...]“exprimimos a nossa fé na presença real de Cristo sob as espécies do pão e do vinho,... dobrando os joelhos, ou inclinando-nos profundamente em sinal de adoração do Senhor. ‘A Igreja católica [...] professa este culto de adoração que é devido ao sacramento da Eucaristia [...] conservando com o máximo cuidado as hóstias [...] expondo-as aos fiéis para que as venerem com solenidade, levando-as em procissão’ ”.[14]

Vimos que as palavras adorar e venerar são alternadas por eles como equivalentes entre si. Será que isso se deu por um lapso? Se sim, mais cedo ou mais tarde, é provável que esse “erro” sofra “correção”.
Afinal, pode ou não pode venerar a Maria? Ora, até o caro leitor é digno de veneração, se entendemos esta palavra como sinônimo de respeito, reverência, estima, apreço... Mas no catolicismo, como bem o confessou o Padre Dom Estêvão Bettencourt supracitado, a Maria dá-se uma superveneração, sinônimo de hyperdulia, cujas definições já sabemos. Vimos que de acordo com o catolicismo, esta superveneração a Maria é um culto especial, inteiramente singular, aquém do devido a Deus, mas além do que se presta não só aos demais seres humanos, como também superior à devoção cabível aos demais Santos. Sim, leitor, no jargão católico, a “veneração” prestada a Maria, está além do respeito recíproco que deve haver entre nós, bem como supera a veneração abordada no livro bíblico Epístola aos Hebreus, cap. 13, v. 4, ultrapassando até mesmo a veneração que devemos aos demais Santos: João, Paulo, Ana, Pedro, Hulda, Moisés, etc. E considerando que os clérigos católicos sabem, como já provamos acima, que venerar pode ser sinônimo de adorar (visto terem confessado que os católicos devem venerar a hóstia, à qual não negam o culto de adoração), a frase "não adoramos a Maria, mas só a cultuamos ou veneramos", soa aos ouvidos dos protestantes como meras parolas. Os protestantes observam, então, em que consiste isso que os católicos chamam de veneração a Maria, e rejeitam-na, por julgarem que a mesma é equivalente à adoração que a Bíblia manda tributar só a Deus. O argumento evangélico é que se deveras os católicos não adoram a Maria, então não adoram a Jesus também; e se adoram a Deus, então adoram a Maria. Relembramos que não encontramos em toda a Bíblia, nenhum servo de Deus, prestando a qualquer criatura (quer humana, quer angelical; quer já tenho morrido, quer esteja viva), esses cultos que os católicos rotulam de dulia e hiperdulia.
Concluímos que as palavras adorar e cultuar podem ser usadas, tanto no âmbito religioso, quanto no secular; e que não têm, de per si, nenhuma diferença. Isto é, no âmbito religioso, tanto adorar,como cultuar referem-se à homenagem que se presta a Deus, ou aos deuses. Já no âmbito secular, estes dois vocábulos significam "gostar muito de", "ter em alta estima", "reverenciar", etc. E que tipo de culto a Igreja Católica tributa a Maria? Secular ou religioso? Religioso, é claro. Aliás, confessam os clérigos dessa religião, que esse culto é intrínseco ao culto cristão, como veremos mais adiante. E nem precisariam fazer essa confissão, já que é tão óbvio que assim o consideram. Atentemos para o fato de que nem mesmo os demais Santos, que não são cultuados pelos católicos na mesma intensidade que Maria (a esta, hiperdulia; àqueles, dulia), são cultuados no sentido secular desta palavra. Bem, pelo menos a mim, os católicos jamais prestaram hiperdulia, nem tampouco dulia.

1.3. A origem e a data do culto a Maria
Quanto à origem e data do marianismo, vejamos a exposição abaixo:
1.3.1. Controvérsia entre os católicos
Há controvérsias entre os teólogos católicos quanto à idade e origem do culto a Maria. Por exemplo, a Bíblia apologética nos informa que o livro católico O Culto a Maria Hoje (elaborado por diversos teólogos, sob a liderança do teólogo católico Wolfgang Beinert), reconhece que essa prática era desconhecida dos cristãos primitivos: [...] “Não podemos dizer que a veneração dos santos _ e muito menos a da Mãe de Cristo _ faça parte do patrimônio original”.[15] Esta pronunciação, da qual não divergem os protestantes, não se harmoniza com o que foi definido no decurso do Concílio Vaticano II, ocorrido na década de sessenta do século XX (cujas decisões estão em pleno vigor, já que depois disso não houve outro concílio ecumênico), visto que neste Sínodo, referindo-se ao culto a Maria se disse com todas as letras: “Este culto [...] sempre existiu na Igreja” [...].[16] Não há, portanto, unanimidade entre os teólogos católicos, quanto à origem e data do culto a Maria e aos demais Santos. O Vaticano II garante que esse culto sempre existiu na Igreja. No entanto, os teólogos católicos autores de O Culto a Maria Hoje asseveram que “Não podemos dizer que a veneração [...] da Mãe de Cristo [...] faça parte do patrimônio original”. E agora José?
O fato de BEINERT dizer que os cristãos primitivos não veneravam a Maria e aos demais Santos, nos ajuda a entender que no vocabulário católico, o conceito de venerar não é o mesmo que ter em alta estima, reverenciar, respeitar, homenagear, etc.; visto ser óbvio que os cristãos sempre reverenciaram a Maria, a Moisés, a Abraão, aos apóstolos... Logo, no livro em questão no presente subcapítulo, venerar é mais que homenagear. Refere-se ao culto que os católicos prestam aos Santos, classificados em dulia e hiperdulia.
Quem está certo, o Concílio Vaticano II, que sustenta que o culto a Maria sempre existiu na Igreja, ou Beinert e sua equipe que asseveram que o culto a Maria é inovação? No próximo subcapítulo respondo a esta pergunta, mostrando que Beinert e sua equipe não estão equivocados, pois veremos que os elaboradores de O Culto a Maria Hoje têm renomados autores, bem como a História Universal, a seu favor. Eles não estão sós. E eu me uno a eles e aos autores que os ombreiam.

1.3.2. O marianismo à luz da História Universal
Constam de diversos compêndios, que no ano 313 d.C., o imperador Constantino I fez do cristianismo a religião oficial (de fato, e não de direito) do Império Romano. Ao fazer isso, concedeu ao cristianismo inúmeras vantagens. A Igreja, a partir daí, de perseguida tornou-se a religião da moda, de status e rentável. Assim, muitos pagãos interesseiros se tornaram cristãos de fachadas. Esse horroroso quadro piorou, quando Constantino II, O Jovem, que sucedeu Constantino I, “decretou a pena de morte e o confisco de propriedade, para todos os adoradores de ídolos” [...].[17] O Imperador Teodósio I, que oficializou (agora de direito, e não apenas de fato) o cristianismo em 380 d.C., deu continuidade à intolerância religiosa encabeçada por Constantino II, obrigando os pagãos a se tornarem cristãos.[18] Veja ratificação a seguir:

Teodósio [...] suprimiu o culto pagão em todos os lugares e de maneira absoluta. Os [...] funcionários receberam por toda a parte ordem de perseguir o culto pagão; os cristãos fanáticos tiveram toda a liberdade de o combater pela violência. Assim desapareceu o paganismo [...].[19]

E a junção desses dois fatores (as regalias que a partir de Constantino I foram conferidas à Igreja, somadas ao triste fato de que o cristianismo tornou-se religião imposta pela força imperial) fizeram do cristianismo a religião da maioria. Mas esses “cristãos” conservaram uma boa porção das crenças pagãs. Eles saíram do paganismo, mas o paganismo não saiu deles. Conseqüentemente, sincretizaram o paganismo com o cristianismo, implantando no seio da Igreja o culto a Maria. Culto este que, segundo parece, alguns “cristãos” do Egito já vinham praticando, como ato isolado, desde o século III, pois já oravam a Maria nestes termos: “‘A vós recorremos, Santa Mãe de Deus’” [...].[20] Aclarando: Esse casamento do cristianismo com o paganismo, de que falamos, se deu assim: Os pagãos cultuavam a muitos deuses e desusas. Essas divindades tinham, de per si, sua (s) especialidade (s) definida (s). Seus respectivos pontos geográficos de ação, também eram circunscritos: Minerva – deusa latina da sabedoria; Hermes – deus grego da eloqüência, do comércio, dos ladrões, e o mensageiro dos deuses. Era também o deus da cultura física; Diana - deusa da caça, que os romanos identificaram com a Ártemis grega; Apolo – deus grego da luz, das artes, e da adivinhação; Osíris – deus do antigo Egito, protetor dos mortos, etc.[21] Ao se tornarem “cristãos” à força e/ou por razões escusas, os pagãos substituíram o antigo culto aos deuses, pelo culto aos anjos e aos grandes vultos do cristianismo: os apóstolos, Maria, e outros. Segundo renomados autores, até mesmo as estátuas dos deuses foram reaproveitadas no culto a Maria e aos demais Santos. Não é, pois (segundo tais eruditos), por mera coincidência que os Santos católicos também têm suas respectivas funções: Santo Antônio - casamenteiro; São José – padroeiro da boa morte; Santa Edwiges - padroeira dos endividados, etc. Note ainda, que similarmente aos deuses dos pagãos, os Santos católicos também têm seus pontos geográficos mais ou menos delimitados: São Sebastião – padroeiro do Rio de Janeiro; Nossa Senhora do Guadalupe – padroeira da América Latina e, em particular, do México; Nossa Senhora de Fátima – padroeira de Portugal; Nossa Senhora Aparecida – padroeira do Brasil, etc. E, quanto ao culto a Maria, nenhum historiador ignora a adoração que os pagãos prestavam a uma deusa conhecida por Grande Mãe. O culto a essa deusa converteu-se em culto à Mãe de Deus. Eis a seguir algumas transcrições que ratificam o que afirmamos:

A fim de aumentar o prestígio do sistema eclesiástico apóstata, os pagãos foram recebidos dentro das igrejas independente da regeneração pela fé, e foram permitidos abertamente reter seus signos pagãos e símbolo. [22]

O édito de tolerância de Constantino, que tornou o cristianismo, a religião preferida, atraiu a afluência de milhares de adeptos das religiões pagãs. Essas pessoas foram portadoras de muitas de suas crenças, superstições e devoções pagãs. Sua adoração a Ísis, Isthar, Diana, Atena, etc., foi transferida a Maria. Dedicaram-lhe estátuas e se ajoelharam diante delas, orando como haviam feito antes às deusas pagãs. Às imagens de seus antigos deuses eram dados agora nomes de santos.[23]

Então, esses “cristãos” nominais levaram suas práticas pagãs para a Igreja de Roma [...]. Aos poucos as imagens pagãs foram substituídas por imagens cristãs; os deuses pagãos, substituídos pelos deuses cristãos (os santos bíblicos) e, na esteira desse sincretismo religioso, a Santa Maria surgiu como “Mãe de Deus”, “Senhora”, “Sempre Virgem”, “Concebida sem pecado”, Assunta aos céus”, “Mediadora e Advogada”, Co-Redentora.[24]

O historiador Severino Vicente da Silva, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), disse:

As deusas celtas foram absorvidas pela figura de Maria. Onde houve anteriormente à chegada do cristianismo um culto mais organizado em torno de uma divindade feminina, Maria surge como uma intermediária entre as culturas que se chocam; [25]

A historiadora Claudete Ribeiro de Araújo, do Centro de Estudos de História da Igreja na América Latina, também asseverou: [...] “o culto mariano nasceu [...] como substituto da adoração à Grande Mãe, um (sic) figura que pode ser encontrada em várias religiões e culturas pagãs" (Ibidem); e o famoso historiador Chantepie de la Saussaye registrou:

Tudo o que [o paganismo] continha, quanto a elementos vivos, passara ao cristianismo, que, desde então, abundantemente provido de pensamentos e de fórmulas greco-romanas, se encontrava em condições de desempenhar a sua missão no mundo. (SAUSSAYE, 1940:820);

Não destoando dos peritos supracitados, sustentou o Instituto Cristão de Pesquisas (ICP): “Dessa forma, o culto aos santos e a Maria substituiu o dos deuses e deusas do paganismo”.[26]

Os pagãos foram tão meticulosos ao casar o paganismo com o cristianismo, que conferiram auréolas ou círculos às imagens de Maria e outros Santos, assim como às imagens de Cristo, do mesmo modo que antes haviam feito aos seus deuses: “Os pagãos colocavam um círculo ou auréola ao redor da cabeça daqueles que eram ‘deuses’ em suas pinturas. Esta prática continuou [...] na [...] igreja romanística” (WOODROW, 1966:37).

1.3.3. O clero católico sabe
Os clérigos católicos não negam que o culto aos santos vem do paganismo, e que se deve a isso a semelhança existente entre os deuses e os santos católicos, o que reforça a sólida base sobre a qual nos apoiamos, e nos poupa da necessidade de provarmos a veracidade de nossas fontes. Entremos então na seara católica, e coletemos de lá uma amostra da aquiescência do seu clero, sobre este assunto. Ei-la:

Tornou-se fácil transferir para os mártires cristãos as concepções que os antigos conservaram concernente aos seus heróis. Esta transferência foi promovida pelos numerosos casos nos quais os santos cristãos tornaram-se os sucessores das divindades locais, e o culto cristão suplantou o antigo culto local. Isto explica o grande número de semelhanças entre deuses e santos (WOODROW, 1966:35, citando The Catholic Enciclopedia, v. IX, pp. 130-131. Grifo nosso).

A palavra heróis, constante do último texto supra transcrito, refere-se aos deuses do paganismo: [...] "'herói' no sentido pagão [...] de grandes vultos humanos divinizados" [27]

1.4. A exegese de hiperdulia
“Dulia” é palavra grega, a língua original na qual se escreveu o Novo Testamento. Trata-se do verbo grego douléuõ, e significa servir. Disse o apóstolo Paulo: [...] “sede fervorosos no espírito, servindo ao Senhor” (Romanos, cap. 12. v. 11, grifo nosso). Neste caso, o gerúndio servindo é a tradução de douleuôn. Aqui se manda, pois, servir ao Senhor. Logo, a Bíblia manda prestar dulia a Deus. E, sendo assim, neste caso este vocábulo trata da nossa submissão ao Senhorio de Cristo. Deste modo, o que a Bíblia nos manda prestar a Deus, na Igreja Católica se presta aos Santos e aos anjos, como já demonstramos. E, como Maria merece uma devoção especial e inteiramente singular, dulia fica aquém do devido, por cujo motivo lhe tributam hiperdulia. O que a Bíblia nos manda tributar a Deus, o clero católico acha que está aquém dos méritos de Maria? Estaria ela acima do próprio Deus? Julgue o leitor e tire suas próprias conclusões.

1.5. “Deus mandou fazer imagens”
É do conhecimento de todos os leitores da Bíblia que, segundo a mesma, Deus proibiu confeccionar imagem de escultura, assim como também mandou fabricá-las. Está escrito: “Não farás para ti imagem de escultura [...]. Não as adorarás, nem lhes darás culto” [...].[28] Amiúde os protestantes recorrem a este texto e outros correlatos, em repúdio ao culto às imagens, culto este incentivado pelos líderes católicos. Estes, porém, recorrem ao seguinte argumento:

[...] o texto de êxodo 20. 4-5 não era uma proibição absoluta, mas condicionada por circunstâncias em que vivia o povo de Israel, haja vista que o próprio Deus mandou que se confeccionassem imagens sagradas (Êx 25. 17-18; 1 Rs 6.23-29; 7. 23-28; 1 Cr 228-13). (Bíblia Apologética. Op. cit., p. 101).

Entretanto, em resposta a esse argumento, a mesma Bíblia Apologética, representando a opinião evangélica, responde que

[...] Se os filhos de Israel tivessem [...] cultuado esses objetos [...], Deus mandaria destruí-las. Foi isso que aconteceu com a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto, quando se tornou objeto de culto (2 Rs 18.4) (Ibidem, p. 102).

Isto prova que os evangélicos também entendem que a proibição constante de Êxodo, cap. 20, vv. 4-5 diz respeito à confecção de imagens dos deuses, para fins de culto a estes. E que, é exclusivamente neste sentido, que tais imagens devem ser desdenhadas. Mas os pagãos que se fingiram de convertidos ao cristianismo no século IV, muito longe de desdenhar tais imagens, adaptaram-nas ao culto cristão, como já documentamos. E assim permanece até hoje, como vimos. Isto posto - crêem os protestantes -, o culto às imagens de Maria transgride sim, o prescrito em Êxodo, cap. 20, vv. 4-5, quanto às imagens dos ídolos. Esta postura evangélica é científica, visto estar tão bem calcada na História, que a própria Igreja Católica não ousou negar, como vimos enquanto apreciávamos um fragmento pinçado da The Catholic Enciclopedia, op. cit.). Ora, fica estabelecido uma vez por todas, que os protestantes não discordam do uso de imagens em si, mas sim, do emprego das mesmas no culto, principalmente se esse culto não for rendido exclusivamente a Deus. Deste modo, claro está que as estátuas de Getúlio Vargas, Tiradentes, Marcílio Dias, e outros vultos nacionais não sofrem o repúdio dos protestantes. Certamente, se nos dias apostólicos existissem máquinas fotográficas, e se os apóstolos tivessem sido fotografados, nenhum protestante hesitaria possuir uma foto deles. Igualmente, se algum contemporâneo dos apóstolos, tivesse esculpido estátuas ou desenhado imagens que deveras contivessem seus traços, que tais ícones seriam estimados pelos evangélicos, como também veneram as fotos de seus parentes e amigos, bem como reverenciam as estátuas e bustos de seus patrícios, cujo patriotismo os destacou. Talvez desdenhassem tais ícones (refiro-me às inexistentes estátuas e fotos dos apóstolos), por temer estar induzindo outrem à idolatria, e não por acreditar que tal ato fosse em si mesmo, pecado.
Dissemos que “talvez desdenhassem tais ícones, por temer estar induzindo outrem à idolatria”. É razoável supormos isso? Cremos que sim, pelo seguinte: Se estátuas feitas por quem não conheceu os apóstolos (e portanto, não trazem seus traços físicos), já são tão cultuadas, que não fariam aos retratos de Maria, de Cristo, dos apóstolos, e outros grandes vultos do cristianismo, se tais fotos, estátuas e desenhos existissem?

1.6. Imagens fenomenais
Que dizem os católicos sobre os fenômenos atribuídos às imagens de Maria? Vejamos:

1.6.1. Posição oficial
Há muitas provas de que os pagãos atribuíam às estátuas de seus deuses intrigantes fenômenos. Referindo-se esses ídolos, a Bíblia Apologética op. cit., observa que [os pagãos] “Acreditavam [...] que a divindade se fazia presente por meio dessa prática” (Ibidem). Ademais, consta da Bíblia que os pagãos criam que a imagem da deusa Diana havia descido de Júpiter (Atos dos Apóstolos, cap. 19, v. 35). Estes fatos históricos nos ajudam a entender, que também neste aspecto o marianismo perpetua uma prática pagã, já que às imagens de Maria se atribuem notáveis fenômenos. Obras oficiais da Igreja Católica, como é o caso do livro Maria, Por que Choras?, impresso sob o imprimatur do Reverendíssimo Eugene J. Driscoll, nos dizem que as estátuas de Maria têm chorado, sangrado, sorrido, exalado fragrância, e até falado.[29] Em abono a essa fé católica - de atribuir o sobrenatural às imagens de Maria -, fé esta que os protestantes tacham de superstição e pecado de idolatria, o dito livro Maria, Por que Choras? registra as seguintes palavras do Papa João Paulo II: “Se a virgem chora, isto quer dizer que tem seus motivos” (Ibidem, p.1). Num panfleto católico, em poder deste autor, distribuído pelos promotores da campanha católica Vinde Nossa Senhora de Fátima, não tardeis, afirma-se textualmente que os olhos da estátua de Nossa Senhora de Fátima “já choraram milagrosamente 14 vezes!”. Consta no verso do dito panfleto, fac-símile de uma carta remetida pelo Cardeal Sílvio Oddi, ao Reverendíssimo Cônego José Luiz Marinho Villac, ardoroso apoio do Vaticano, pelo empenho desse Cônego na coordenação da supracitada campanha. E estas informações de primeira mão, nos impelem a crer, que o ex-Padre Aníbal não foi, necessariamente, fantasioso (ou até mesmo mentiroso), quando registrou às páginas 13-14 de seu livro A Senhora Aparecida, que a estátua de Nossa Senhora Aparecida teria (segundo crença católica difundida até por clérigos) fugido da casa do devoto Felipe Pedroso, rumo ao alto de uma colina. Desta colina trouxeram-na em vão, visto que para lá regressou ela. Donde inferiram que Nossa Senhora queria que ali se construísse para si uma capelinha. O que tudo se executou com muita presteza!

1.6.2. Controvérsia entre os católicos sobre as imagens de Maria
Bem, vimos que a posição oficial da Igreja Católica quanto aos prodígios atribuídos às imagens de Maria, é que tais ícones realmente podem chorar, sorrir, sangrar, exalar perfume, falar. Assim pensava o Papa João Paulo II, bem como ainda pensam expoentes membros do clero católico, como é o caso dos Reverendíssimos Sílvio Oddi, José Luiz Marinho Villac, Albert J. Hebert e Eugene J. Driscoll, como acima exarado. Mas nem todos os católicos pensam assim. Até mesmo entre o alto clero católico há quem pense diferente. Entre estes, há os que suspeitam tanto da sinceridade, como da intelectualidade dos que crêem nessas coisas. Por exemplo, o cardeal-arcebispo Dom Aloísio Lorscheider, afirmou destemidamente: “Eu não acredito em imagem de Nossa Senhora que chora. Os bobos correm atrás disso pois não sabem quantas mutretas há por trás de coisas assim” (ANKERBERG e WELDON, 1997:81, Apêndice, citando a revista Veja, de 22, mai. 1991, p. 32, grifo nosso). Esta ousada declaração é comprometedora, pois assim esse cardeal põe em xeque a idoneidade de expoentes clérigos da mesma envergadura que ele, que piamente confessam crer na autenticidade desse fenômeno. Aliás, Dom Aloísio abalou as estruturas da própria Igreja Católica, já que a crença no fenômeno por ele rebatido, visto por ele como bobagens e/ou mutretas, não é exclusiva dos leigos, nem tampouco próprio dos católicos não–praticantes (e por isso, mal informados), pela qual não seja justo, portanto, que a Igreja responda; mas reconhecido oficialmente pela Igreja Católica, como já demonstramos, quando nos reportamos ao livro Maria Por que Choras?, e ao panfleto com o Brasão do Vaticano, sustentando que a estátua de Nossa Senhora de Fátima já chorou 14 vezes. Bem, se os que crêem nisso são bobos que ignoram as mutretas que há por trás dessas coisas, que pensa Dom Aloísio do Cardeal Sílvio Oddi, do Reverendo Albert J. Hebert, do Cônego José Luiz Marinho Villac, do Bispo Eugene J. Driscoll, e, sobretudo, de Sua Santidade João Paulo II? Estes expoentes líderes católicos são bobos ou mutreteiros? Bem, só Dom Aloísio pode responder a estes questionamentos.

1.7. Ela faz milagres?
É de domínio público que inúmeras pessoas alegam ter recebido bênçãos mil, mediante a intercessão de Maria. O Dr. Aníbal (ex-padre) asseverou que tais milagres, quando não são auto-sugestão, ou mentira, são obra do diabo.[30] E realmente há diversas passagens bíblicas que atestam que Satanás também opera milagres (2Tessalonicensse, cap. 2. v.9; Êxodo, caps. 7-8; Mateus, cap. 7, vv. 21-23; Atos dos Apóstolos, cap. 26, v. 18; 2 Coríntios, cap. 11, v.14; 2Tessalonicenses, cap. 2, v. 9, etc.). Deve ser por isso que este pensamento predomina entre os evangélicos. Contudo, há protestantes que admitem a possibilidade de Deus ter atendido a tais rezas, “por não levar em conta a ignorância do adorador da ‘santa’”. Este autor ouviu um ex-Padre dizer isso num de seus sermões. Os que esposam esse parecer também se julgam fundamentados na Bíblia, a qual, segundo interpretam, diz que Deus não tem em conta os tempos da ignorância (Atos dos Apóstolos, cap. 17, v. 30). Com quem está a razão? É o diabo quem faz tais milagres, é auto-sugestão, é mentira, ou é Deus? Bem, já que há divergência entre os evangélicos quanto a isso, é de se esperar que o leitor se interesse em saber a minha opinião pessoal sobre este assunto. E é com enorme prazer que lhe informo que penso tal qual o ex-Padre Aníbal.

1.8. Avaliando o teor do culto a Maria
Já fizemos constar que os clérigos católicos confessam que não prestam a Maria o culto supremo do qual só Deus é digno. O Vaticano II garante que o culto a Maria “de nenhum modo diminui o culto latrêutico dado a Deus Pai por Cristo no Espírito”. É, pois, de se esperar que exaremos o que os protestantes dizem disso. Vejamos, então, as considerações abaixo:

a) [O Rosário, segundo o dicionarista Aurélio] “é uma enfiada de 165 contas, correspondentes ao número de 150 ave-marias e 15 padre-nossos” [...];[31]
b) [...] O Terço é assim chamado porque o número de suas contas corresponde a um terço do Rosário. Logo, ele é uma enfiada de 55 contas, correspondentes ao número de 50 ave-marias e 5 padre-nossos. Nestes dois exemplos [...], a Cristo coube apenas menos de um décimo da devoção a Maria [...] (Ibidem);
c) [...] Se o leitor ainda não notou, note e verá que a grande maioria das estampas religiosas afixadas nos carros dos católicos, é de Maria” [...] (Ibidem);
d) [...] nos últimos [...] anos os católicos têm intensificado a distribuição de folhetos evangelísticos. Vários desses panfletos já nos foram presenteados [...]. E por mais incrível que possa parecer, mais de 90% dos folhetos que ganhamos não enfatizam o nome de Jesus; antes falam de Maria. O nome Jesus [...] é mencionado de passagem. Ele não é o personagem central da mensagem (Ibidem).

O clero católico sustenta que “‘A piedade da Igreja para com a Santíssima Virgem é intrínseca ao culto cristão’”.[32] Isto significa que, de acordo com a fé católica, não existe cristianismo sem marianismo. Ou seja, o culto a Maria não é opcional. Você pode ser católico sem ser devoto de São José, ou de Santo Agostinho, ou de São Sebastião... Mas nunca será verdadeiro católico, sem ser devoto de Maria, visto que o marianismo é intrínseco ao culto cristão. Estou interpretando mal? Não me parece. E posso provar que não estou só. Ombreia-me um dos maiores teólogos católicos, a saber, o Padre Dom Estêvão Bettencourt: [...] “a devoção a Maria não é facultativa, ao passo que a devoção a São Francisco ou São bento o é”.[33] E o porquê disso reside no fato de que segundo a Igreja Católica, Maria é o pescoço que liga o corpo à cabeça, isto é, que liga a Igreja a Cristo. Eis as provas: 1) "A plenitude da graça estava em Cristo como sendo nossa cabeça; estava em Maria por ser ela medianeira entre Cristo e nós, tal como o pescoço transmite ao corpo a vida que vem da cabeça" (LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria. Aparecida do Norte: Editora Santuário. 19 ed. 2005, p. 25); 2) O Papa Leão XIII observou numa encíclica em 1892, que “[...] nada nos é concedido senão por Maria. Como ao Pai celeste só chegamos por meio do Filho, assim semelhantemente só por meio de Maria, chegamos ao Filho” (Ibidem, nota de rodapé).

Observação: Tanto as Bíblias católicas, quanto as Bíblias evangélicas traduzem a última parte de Mateus cap. 4, v. 10, de duas maneiras: “só a ele prestarás culto” e “só a ele servirás”. Quanto a este exemplo, ambas as traduções estão corretas, visto que, neste caso, servir refere-se à prestação de serviço sagrado a Deus, o que implica em adoração ou culto. Outra tradução possível, seria: “Diante do Senhor, teu Deus, te prostrarás e só a Ele prestarás santo serviço”.

NOTAS REFERENTES AO CAPÍTULO I

1 Catecismo da Igreja Católica. Petrópolis e São Paulo: Vozes e Loyola, 1993, p. 274,
grifo nosso.
2 Compêndio do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 103, grifo nosso.
3 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira S. A., 1986, p. 897.
4. BETTENCOURT, Estêvão. Católicos Perguntam. Santo André: O Mensageiro de
Santo Antônio. 2004, p. 103.
5 ANKERBERG, John e WELDON, John. Os Fatos Sobre o Catolicismo Romano. Porto
Alegre: Obra Missionária Chamada da Meia-Noite, 1997, pp. 66-74.
6 Compêndio do Vaticano II. Op. cit., pp. 111-112.
7 Catecismo da Igreja Católica. Op. cit., p. 561.
8 Bíblia Apologética. São Paulo: ICP Editora, 2000, p. 101.
9 Compêndio do Vaticano II. Op. cit., p. 102 (Grifo nosso).
10 Catecismo da Igreja Católica. Op. cit., pp. 561-562 (O grifo não é nosso).
11 ARMANI, Tony. O que todos devem saber sobre o catolicismo romano. São Paulo:
Press Abba, 2000, p. 33 (Ggrifo nosso).
12 FERREIRA:1986, p. 49.
13 VINE, W. e UNGER, Merril F. e WHITE JR, William. Dicionário Vine. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), 2003, p. 31.
14 Catecismo da Igreja Católica. Op. cit., pp. 380-381. Grifo nosso).
15 Bíblia Apologética. Op. cit., p. 102. Citando BEINERT, Wolfgang, et all. O culto a
Maria Hoje. 3 ed. São Paulo: Edições Paulinas. 1980, p. 33.
16 Compêndio do Vaticano II. Op. cit., p. 111.
17 HURLBUT, Jesse Lyman. História da igreja cristã. São Paulo: Vida, 1995, P. 80.
18 NICHOLS, Robert Hastings. História da Igreja Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 11
ed., 2000, pp. 83-84.
19 SAUSSAYE, Chantepie de la. et al. História das religiões. Lisboa: Inquérito, 1940,
pp. 819-820.
20 BITTENCOURT, Estêvão. “Polêmica cega”. Pergunte e Responderemos. Rio de
Janeiro, Lúmen Christi, mar. 2003, pp. 136-138.
21 KOOGAN, Abrahão e HOUAISS, Antônio. Enciclopédia e Dicionário. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 1993, pp. 948, 1130, 1245, 1377, 1419.
22 WOODROW, Ralph. Babilônia: a Religião dosMmistérios. Recife: Associação
Evangelística, 1966, p. 51 (Grifo nosso).
23 JETER, Hugh P. Será Mesmo Cristão o Catolicismo Romano?. 2 ed. Rio de Janeiro:
Betel. 2000, p. 73 (Grifo nosso).
24 COSTA, Airton Evangelista da. A verdade Sobre Maria. A. D. Santos Editora. 2004,
pp. 13-14.
25 ARTONI, Camila e NOGUEIRA, Pablo. “A Face Feminina de Deus”. Galileu. São
Paulo: Globo, 149, dez. 2003, pp. 18-26.
26 Instituto Cristão de Pesquisas. Série Apologética. São Paulo: 2002, v. I, p. 74.
27 (BOYER, Horlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: CPAD. 31 ed. 2005, p. v).
28 Bíblia sagrada. Trad. Padre Antônio Pereira de Figueiredo. São Paulo: Novo Brasil
Editora Ltda. Êxodo, cap. 20. vv. 4 e 5. s.d.
29 HEBERT, Albert J. Maria, Por que Choras? Rio de Janeiro: Edições Louva-a-Deus.
3 ed. 1991, pp. 1, 3, 34, 36.
30 REIS, Aníbal Pereira dos. Milagres e Cura Divina. São Paulo: Caminho de Damasco,
1975, p.35.
31 SANTANA, Joel. A “Virgem” Maria É uma Deusa? Rio de Janeiro: Voz Evangélica,
2002, p. 22.
32 Catecismo da Igreja Católica, op. cit., p. 274, grifo nosso.
33 BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Católicos Perguntam. Santo André: O
Mensageiro de Santo Antônio, 2004, p. 103.

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